Por Tomás Donadio
A participação pública e o envolvimento do povo no desenvolvimento de políticas públicas é uma questão muito discutida recentemente nos estudos urbanos e nas ciências sociais de forma mais ampla. Mas será que o empoderamento e a emancipação podem ser alcançados por meio de iniciativas públicas que envolvem as pessoas em processos deliberativos? Qual é o papel das tecnologias (digitais) nesse cenário? Como (re)produzir democracias no Tecnoceno?
No dia 16 de fevereiro de 2023, aconteceu em Lisboa (Portugal), o seminário Citizen Participation (Participação Cidadã). O evento, organizado pelo Shift Hub do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, juntou dois pesquisadores conhecidos pela atuação nesse tema: Paolo Cardullo e Manuel Arriaga. Paolo, especialista em participação pública em cidades inteligentes, atualmente é pesquisador na Universitat Oberta de Catalunya. Ele organizou o livro The Right to the Smart City junto com Rob Kitchin e Cesare Di Feliciantonio e lançou, mais recentemente, a obra autoral Citizens in the ‘Smart City’. Participation, Co-production, Governance (Cidadãos na ‘Cidade Inteligente’. Participação, Coprodução, Governança). Manuel é professor na New York University e um dos principais atores na promoção e no desenvolvimento do Conselho de Cidadãos de Lisboa, uma iniciativa de participação cívica para a construção da cidade. Essa inesperada combinação de disciplinas e pontos de vista, acabou por ser uma mistura interessante.
Uma das principais ideias debatidas e reforçadas, foi que o discurso das cidades inteligentes já é ultrapassado. Esse conceito ambíguo e volátil assume diversas formas para avançar uma agenda de urbanização neoliberal, carregada de problemas relacionados à excessiva vigilância e controle, pelo tratamento de pessoas como pontos de dados a serviço de sensores urbanos e pela concentração de poder intrínseca à versão atualmente dominante do capitalismo, cimentado no colonialismo de dados…
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