Foi publicado, em março de 2025, na Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (RBEUR) o artigo “Colonialismo científico e periódicos brasileiros e latino-americanos: desafios na difusão internacional dos estudos urbanos e regionais”, assinado por Fernanda Cantarim, Rodrigo Firmino e Manoela Massuchetto Jazar — estes dois últimos, integrantes do Jararaca.
O artigo parte de uma crítica às formas hegemônicas de avaliação e circulação do conhecimento científico, especialmente aquelas que moldam o sistema de periódicos e indexadores internacionais. Ao analisar as mudanças nas classificações da Capes (Qualis) para periódicos da área de Planejamento Urbano e Regional, os autores revelam como essas mudanças estão alinhadas a lógicas mercadológicas e epistemologias dominantes, que frequentemente marginalizam a produção científica do Sul Global.
Mais do que uma denúncia, o artigo propõe uma reflexão sobre os caminhos possíveis para resistir às pressões de internacionalização que desconsideram as especificidades regionais e epistemológicas da América Latina. A análise apresenta comparações entre os quadriênios 2013-2016 e 2020 do Qualis, discutindo os impactos da adoção de critérios de grandes indexadores como Scopus e Web of Science sobre a visibilidade dos periódicos latino-americanos.
Com base em uma abordagem crítica e decolonial, os autores argumentam que a ciência não é neutra e que os critérios que definem sua “qualidade” refletem estruturas históricas de poder e colonialidade do saber. Nesse contexto, destacam a importância de valorizar plataformas alternativas e regionais de indexação, como SciELO e RedALyC, e de fortalecer redes de circulação de saberes situados.
Este trabalho se soma aos esforços do Jararaca em repensar os modos de produção e circulação do conhecimento, defendendo a pluralidade epistemológica e a construção de uma ciência comprometida com os contextos locais.
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