Por Rodrigo Firmino, Debora Pio e Gilberto Vieira
Em “Território Usado e Humanismo Concreto: o Mercado Socialmente Necessário”, Ana Clara Torres Ribeiro (2005) exalta a centralidade do território na busca por novos horizontes de resistência. Na verdade, ao lado de Milton Santos, Ana Clara já nos alertava, pelo menos desde os anos 1980, para a importância de compreendermos a força do “território usado”como campo de construção de utopias sob a ideia de ação política. Em um país marcado pela injustiça e desigualdade social, não é novidade que o novo coronavírus aumente exponencialmente os desafios para famílias que vivem em territórios populares como favelas, aldeias indígenas, quilombos e assentamentos. Dados do município do Rio de Janeiro de maio de 2020 (conhecidamente subnotificados) indicam que o número de mortes por Covid-19 nas favelas cariocas cresceu mais de 10 vezes em apenas um mês (Barreto, 2020). A “normalidade”, nestes casos, já está pautada, há muito tempo, pela dificuldade de acesso a empregos formais, programas sociais, educação e assistência médica de qualidade, assim como condições mínimas de saneamento básico —incluindo abastecimento regular de água (Souza, 2020), esgoto e coleta apropriada de lixo. Estima-se que sejam 13,5 milhões de pessoas (Nery, 2019) sobrevivendo com até 145 reais mensais.No contexto da crise global de enfrentamento à pandemia, uma questão de saúde, no Brasil, pode fácil e rapidamente tornar-se uma tragédia sanitária e humanitária. E nesses casos, dados e tecnologias digitais compõem diferentes narrativas, indissociáveis dos territórios, e a partir de distintos arranjos sociotécnicos…
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